À medida que as luzes do Advento começam a brilhar, somos convidados a uma jornada interior de preparação para o Natal.
Contudo, essa caminhada não é para ser feita de modo solitário. Pelo contrário, a beleza deste tempo litúrgico se revela plenamente quando vivida em comunidade, pois é no encontro com o outro que a nossa fé se fortalece e a nossa esperança se torna visível.
O Advento nos chama a sermos um só corpo, uma só alma, que anseia e se prepara para a vinda do Salvador. É, como nos recorda o Papa Francisco, a oportunidade de construir uma “cultura do encontro”, onde ninguém se sente isolado em sua espera.
Oração Comunitária: fonte da verdadeira esperança
Antes de tudo, a base de nossa vida comunitária é a oração. Jesus mesmo nos garantiu: “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou ali, no meio deles” (Mt 18,20).
Durante o Advento, essa promessa se torna ainda mais palpável. Dessa forma, participar das celebrações em nossa Paróquia Nossa Senhora Aparecida, na cidade de São Paulo — seja a Santa Missa dominical, com sua liturgia sóbria e profunda, ou as tradicionais Novenas de Natal — nos une em uma única voz que clama: “Vem, Senhor Jesus!”.
Além disso, este é um tempo privilegiado para a reconciliação. Ao buscarmos o Sacramento da Confissão, não apenas limpamos nossa alma, mas também curamos as feridas em nossas relações comunitárias.
Com efeito, o perdão recebido de Deus nos capacita a perdoar e a reconstruir pontes com nossos irmãos, preparando um povo mais unido e santo para acolher o Cristo. É um gesto que renova a esperança, pois, como ensina o Papa Bento XVI na encíclica Spe Salvi, a redenção nos é oferecida como um “nós”, e somente em comunhão com os outros nossa vida pode realmente florescer.
Solidariedade: a esperança que se transforma em ação
No entanto, a nossa fé não pode se limitar aos muros da igreja. A verdadeira espiritualidade do Advento nos impulsiona para fora, ao encontro dos mais necessitados.
A esperança cristã não é uma espera passiva; ela é ativa, criativa e transformadora. Por conseguinte, as campanhas e ações de solidariedade promovidas pela paróquia, como o nosso tradicional Domingo do Pão, ao longo de todo o ano, e no fim do ano, a campanha de arrecadação de brinquedos (novos e usados), em bom estado, para crianças carentes, são a expressão mais concreta do nosso amor vigilante.
Cada gesto de partilha é um sinal profético de que o Reino de Deus, um reino de justiça e paz, já está acontecendo entre nós. Assim, ao cuidarmos dos pobres e sofredores, estamos, na verdade, preparando o presépio mais belo para Jesus no coração do mundo.
Afinal, como nos adverte o apóstolo São Tiago, “a fé sem obras é morta” (Tg 2,26). A nossa caridade durante o Advento é a prova viva de uma fé que espera e atua.
Serviço nas Pastorais: semeando a esperança no dia a dia
O Advento é também um chamado a renovar nosso compromisso com o serviço na comunidade. Cada pastoral e movimento de nossa paróquia é um campo fértil onde podemos semear a esperança.
Seja na acolhida fraterna aos que chegam para as celebrações, na dedicação à catequese das crianças, no cuidado com a beleza da liturgia ou no serviço aos enfermos, nosso engajamento é a resposta ao apelo de João Batista para “preparar o caminho do Senhor”.
Portanto, doar um pouco do nosso tempo e dos nossos talentos é uma forma poderosa de viver este tempo. Ao servir, saímos de nós mesmos e nos tornamos instrumentos da providência e do consolo de Deus para muitas pessoas. Essa doação generosa não apenas enriquece a comunidade, mas também fortalece nossa própria fé, enchendo nosso coração de um sentido profundo e de uma alegria que o mundo não pode dar.
Enfim: a esperança cresce quando caminhamos juntos
Em suma, a vivência comunitária do Advento nos ensina uma verdade fundamental: ninguém se salva sozinho e a esperança floresce no terreno fértil da comunhão.
Ao unirmos nossas vozes em oração, nossas mãos em solidariedade e nossos corações em serviço, construímos muito mais do que a preparação para uma festa. Construímos o Corpo de Cristo, vivo e atuante no mundo.
Que este tempo sagrado nos encontre de mãos dadas, confirmando que, quando caminhamos juntos, a luz de Cristo que esperamos brilha com muito mais intensidade em nós e através de nós.
